Reabilitação Psicomotora

O Técnico de Educação Especial e Reabilitação

Margarida SilvaA Licenciatura em Educação Especial e Reabilitação surgiu em 1995, na Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa, como resultado da reformulação e especificação de planos curriculares anteriores e formou, durante cerca de uma década, profissionais com a designação de Técnicos Superiores de Educação Especial e Reabilitação (TSEER).

Esta formação afirmou-se na área da reabilitação, enriquecendo-a com uma perspetiva de intervenção técnica específica, que considera o indivíduo como um todo indissociável do meio em que existe. Esta concepção não seria possível, se não tivesse por base uma formação abrangente, dirigida ao conhecimento do desenvolvimento humano convencional e atípico, desde o período pré-natal, passando pela infância, adolescência e fase adulta, até à senescência. O TSEER, como profissional, domina Modelos, Técnicas e Instrumentos para a avaliação, elaboração de programas, intervenção e gestão/coordenação de serviços, em várias áreas da reabilitação.

As competências do Licenciado em Educação Especial e Reabilitação enquadram-se preferencialmente nas seguintes áreas de intervenção: Psicomotricidade, Educação Especial, Intervenção Precoce, Desenvolvimento Pessoal e Social, Acessibilidade e Novas Tecnologias e Atividade Motora Adaptada.

A Psicomotricidade constitui uma abordagem global do desenvolvimento que integra as interações entre os domínios cognitivo, afetivo e sensório-motor, na relação recíproca do indivíduo com o seu envolvimento (físico, social e emocional). Esta área de intervenção engloba o estudo do desenvolvimento psicomotor e dos seus fatores: tonicidade, equilíbrio, lateralidade, noção do corpo, estruturação espácio-temporal, praxia global e praxia fina.

Outra das áreas é a Educação Especial, na qual se desenvolvem, entre outros, programas de competências cognitivas, com o objetivo de promover a modificabilidade cognitiva e a maximização do comportamento adaptativo, permitindo ao indivíduo a melhor integração possível nos vários subsistemas: educação, formação e/ou reabilitação profissional. Ainda incluído nesta área de intervenção, pode referir-se o apoio psicopedagógico, especialmente dirigido a populações com problemas e/ou dificuldades de aprendizagem ou baixo rendimento escolar, procurando desenvolver no indivíduo os pré-requisitos da aprendizagem e a capacidade de aprender a aprender, bem como, corrigir e compensar as disfunções cognitivas, de recepção, de integração, de elaboração e de expressão da informação, ampliando e expandindo o seu potencial habilitativo.

A Intervenção Precoce refere-se a toda a atividade sistemática, concebida e planeada multidisciplinarmente, com o propósito de promover e maximizar o desenvolvimento global de crianças até aos 6 anos de idade, bem como prestar todo o apoio às suas famílias, consubstanciado num modelo integrado e holístico. A Intervenção Precoce exige uma atuação assente em programas individualizados, desenvolvidos no domicílio ou nos ambientes em que a criança habitualmente se encontra.

Na área do Desenvolvimento Pessoal e Social, o TSEER está habilitado para a concepção e aplicação de programas de competências sociais. Estes programas constituem uma parte integrante de um modelo de intervenção de base comunitária, tendo como principal objetivo a facilitação do relacionamento interpessoal. Engloba áreas relacionadas com as componentes verbais e não verbais da comunicação, estratégias de resolução de problemas, desenvolvimento de competências sociais e treino assertivo.

Na área da Acessibilidade e Novas Tecnologias a principal função do Técnico é desenvolver, aplicar e avaliar programas de apoio à autonomia e independência em diferentes contextos, segundo o modelo ecológico que estuda a interação estabelecida entre o indivíduo e o seu meio.

A área da Atividade Motora Adaptada engloba o estudo, a aplicação e o desenvolvimento de métodos, técnicas e estratégias de intervenção pela atividade motora em diferentes contextos e com diferentes finalidades: saúde, condição física, lazer, recreação e competição, adaptadas às características biopsicossociais das populações envolvidas.

O trabalho desenvolvido pelo Técnico Superior de Educação Especial e Reabilitação constitui uma mais-valia, quando inserido em equipas multi, inter e transdisciplinares, porque apenas através do diálogo e articulação dos diferentes profissionais da área da reabilitação se podem oferecer respostas adequadas às necessidades das populações para as quais a sua intervenção se destina.

Adaptado: Dra. Margarida Silva, Técnica Superior de Educação Especial e Reabilitação

Original: Miguel Palha, Cristina Vieira, Maria Sónia Domingos e Sónia Giro